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"De como e onde eu aprendi me amar"...


São tantos motivos pra dizer por que sou grato à Terra da Sobriedade, que terei que narrar desde o dia que minhas irmãs foram na Pastoral da Sobriedade da Paróquia Mãe Rainha, no Bairro Belvedere, onde, enquanto eu rezava o Terço dos Homens, elas recebiam um jornal da Comunidade Terapêutica, que daí alguns meses mudaria o rumo de minha vida. Eu já era membro do Terço dos Homens em minha cidade, também era membro de Narcóticos Anônimos há mais de três anos. Mas eu estava recebendo aquele jornal num momento em que tudo que eu mais queria era segurar nas mãos de Deus, e não sabia que Deus já estava segurando minhas mãos, me direcionando. Eu estava com a mente afetada pelas drogas, sem a menor autoestima, não sabia o que era amor, pensava que Deus não me amava. Minha família estava sofrendo muito por minha causa, eu estava próximo de perder meu cargo efetivo no Estado, próximo do hospício, da cadeia, de matar minha mãe de desgosto, por uma insanidade a mais que eu cometesse, ou por morrer nas garras da adicção ativa. Hoje eu me amo, amo minha família, sou bem útil no meu trabalho, participo sempre do terço dos homens, frequento regularmente reuniões de NA (terça feira passada foi realizado pela terceira vez um IP em minha cidade ,onde colaborei com boa vontade para que isso se tornasse realidade), sou coordenador da Pastoral da Sobriedade em minha cidade (se não a única da Diocese Leopoldina, pelo menos a única que a diocese sabe que existe), com a ajuda de Deus e de todas as ferramentas que, através da TS, eu venho conseguindo usar pra me tornar um ser humano melhor. Eu sou feliz, e apesar de conflitos na convivência familiar, minha família não mais sofre aquela dor de ver um ente querido se degradando cada dia mais num poço que parecia não ter fundo. Minha mãe está feliz comigo, meus filhos estão felizes comigo, meus amigos da pastoral, do terço dos homens, de NA, da Terra da Sobriedade, todos estão felizes comigo. Os meses que passei na TS, o amor que recebi ali, todo o tratamento de liberdade com responsabilidade, a espiritualidade, as terapias em grupo, meditações, laborterapia, cinema comentado, Oficina de Música com o Tatá Sympa, passeios na Pampulha e na Lagoa do Nado, Missa com Dom Walmor na Semana Santa, palestras com Dr. Ronaldo e membros de grupos de mutuo-ajuda, reuniões ao final


do dia e reuniões nos grupos de mutuo-ajuda, são tantas coisas, não dá pra lembrar de tudo. Mário Quintana deixou uma frase que me marca muito: “A arte de viver é simplesmente a arte de conviver... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!” Na TS, eu comecei a acreditar que as pessoas me amavam e assim também comecei a aprender me amar e amar as outras pessoas. Comecei a aprender a difícil arte de conviver. Desde quando o Rômulo bateu no meu ombro, aprovando que eu fizesse o tratamento de permanência dia, e me disse: Eu confio em você, eu entre num mundo diferente. Acho que pessoas como eu, que só sabia ter vergonha de mim mesmo, cheio de traumas, pensando que Deus não gostava de mim, precisam passar alguns meses naquele Oásis de Amor (como bem definiu um amigo que fazia tratamento junto comigo, se referindo à TS), a fim de conseguir encontrar uma melhor maneira de viver. Não dá pra explicar o que vivi na TS, como foi a convivência com terapeutas e funcionários e a convivência entre nós que estávamos em tratamento. Era liberdade com responsabilidade. Os responsáveis deixavam que decidíssemos quase tudo, ou seja, estava sob nossa responsabilidade o bom andamento da comunidade terapêutica. Foram momentos tão marcantes e tantos momentos marcantes, que dá pra escrever um livro o que vivi na TS durante quatro meses. Não vou entrar em detalhes, para o texto não ficar ainda mais cansativo, mas teve momentos em que vivenciei o amor incondicional que nos era dado com tanta intensidade, que é possível haver outra comunidade terapêutica com tanto amor pra dar, mas se existem, acho que são muito poucas. Enfim, comecei a escrever esse texto ontem, no Dia de Ação de Graças, e encerro agora, neste 24 de novembro de 2017, quanto estou completando 4 anos, 10 meses e 12 dias limpo. Eu aprendi em NA que é Só por Hoje, mas aprendi também que enquanto eu seguir nesse caminho, segurando nas mãos de Deus, eu não tenho nada a temer. Enfim, tudo começou com aquele jornalzinho da TS, onde os Meninos da Terra estavam visitando a cidade do Galo. Quando eu segurei nas páginas daquele jornal, Deus já segurava em minhas mãos e me levava para um lugar onde eu aprendi a segurar nas mãos de Deus. Fica aqui a minha eterna gratidão à Terra da Sobriedade.


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